quinta-feira, 2 de maio de 2013

Homenagem para todos os Policiais, sobretudo os soldados.


Uns 20 anos atrás, na Itália, os policiais eram alvo de tiroteio dos criminosos, como nos últimos anos no Brasil.
O ápice chegou quando foram matados 2 Juízes, Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, que combatiam a máfia internacional “Cosa Nostra”: foram explodidos junto a própria escolta, formada de 8 seguranças cada juiz.
Giorgio Faletti, um famoso comediante da época, na ocasião tornou poeta e homenageou essa corporação dedicando-lhes a canção à margem.
Com isso, eu gostaria interpretar o desabafo dos meus amigos policiais brasileiros que, diariamente, arriscam a própria vida a favor duma sociedade onde os direitos, dos bons e dos malvados, parecem sempre mais impalpáveis.

Texto original em italiano de Giorgio Faletti – tradução livre de Armando Cappello.

Foda-se Senhor Capitão.
Saímos da central e, em constante contato rádio, se dirigimos para o km 41 da rodovia estadual. Perto da casa abandonada, escondemos bem a viatura, em modo que ninguém pudesse vê-la; montamos a câmara-velox e fizemos multas, sem piedade, a quem passava a mais de 60, fosse também 60 de idade; e ainda prendemos um sem carteira.

Foda-se Senhor Capitão.
Fazia um calor que nós nos queimávamos, a rodovia era um forno, o asfalto tremulava e as imagens desvaneciam. E é assim que todos suados, nós recebemos aquela noticia desgraçada: aqueles colegas mortos matados, jogados em ar como um trapo e caídos no chão como pessoas despedaçadas, feitos a pedaços com o explosivo... que se não serve para as coisas boas, pode virar assim ruim que depois não fica mais nada.

Foda-se Senhor Capitão.
Estamos aqui com a farda muitas vezes apertada, sobretudo desde quando viramos piadas de humor. Estamos cansados de suportar o que acontece neste País, onde acabamos ser matados para uns 1.000 reais por mês. E tenho uma coisa na garganta que é bem difícil digeri-la: quem nós mata, recebe muito mais que a gente.

Foda-se Senhor Capitão.
Eu sei que estou falando com o meu comandante, mas quanto tempo hei de passar na viatura e com a voz da rádio que me faz tremar. Nós temos muita coragem, mas aqui é sempre mais árdua, pois nós devemos prestar conta da nossa coragem ao medo; isso é o que sinto agora, mas se chega uma chamada urgente... nós vamos o mesmo, e me desculpa se parece ser nada.

Foda-se Senhor Capitão.
Se Você pensa que eu sou jovem e se conseguisse entrar no meu lugar, acho que me daria razão e não me vai denunciar.

E Lhe o digo com todo respeito: FODA-SE SENHOR CAPITÃO!