Uns 20 anos
atrás, na Itália, os policiais eram alvo de tiroteio dos criminosos, como nos últimos anos no Brasil.
O ápice chegou
quando foram matados 2 Juízes, Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, que
combatiam a máfia internacional “Cosa Nostra”: foram explodidos junto a própria
escolta, formada de 8 seguranças cada juiz.
Giorgio Faletti,
um famoso comediante da época, na ocasião tornou poeta e homenageou essa
corporação dedicando-lhes a canção à margem.
Com isso, eu
gostaria interpretar o desabafo dos meus amigos policiais brasileiros que, diariamente,
arriscam a própria vida a favor duma sociedade onde os direitos, dos bons e dos
malvados, parecem sempre mais impalpáveis.
Texto original em italiano de Giorgio Faletti – tradução livre de Armando Cappello.
Foda-se Senhor Capitão.
Saímos da central e,
em constante contato rádio, se dirigimos para o km 41 da rodovia estadual.
Perto da casa abandonada, escondemos bem a viatura, em modo que ninguém pudesse
vê-la; montamos a câmara-velox e fizemos multas, sem piedade, a quem passava a
mais de 60, fosse também 60 de idade; e ainda prendemos um sem carteira.
Foda-se Senhor Capitão.
Fazia um calor que
nós nos queimávamos, a rodovia era um forno, o asfalto tremulava e as imagens desvaneciam.
E é assim que todos suados, nós recebemos aquela noticia desgraçada: aqueles colegas
mortos matados, jogados em ar como um trapo e caídos no chão como pessoas
despedaçadas, feitos a pedaços com o explosivo... que se não serve para as
coisas boas, pode virar assim ruim que depois não fica mais nada.
Foda-se Senhor
Capitão.
Estamos aqui com a
farda muitas vezes apertada, sobretudo desde quando viramos piadas de humor.
Estamos cansados de suportar o que acontece neste País, onde acabamos ser
matados para uns 1.000 reais por mês. E tenho uma coisa na garganta que é bem
difícil digeri-la: quem nós mata, recebe muito mais que a gente.
Foda-se Senhor Capitão.
Eu sei que estou
falando com o meu comandante, mas quanto tempo hei de passar na viatura e com a
voz da rádio que me faz tremar. Nós temos muita coragem, mas aqui é sempre mais
árdua, pois nós devemos prestar conta da nossa coragem ao medo; isso é o que sinto
agora, mas se chega uma chamada urgente... nós vamos o mesmo, e me desculpa se
parece ser nada.
Foda-se Senhor Capitão.
Se Você pensa que eu sou
jovem e se conseguisse entrar no meu lugar, acho que me daria razão e não me vai
denunciar.
E Lhe o digo com todo
respeito: FODA-SE SENHOR CAPITÃO!
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