domingo, 8 de maio de 2016

UM LUGAR ONDE JUDAICOS – CRISTÃOS – ISLÂMICOS POSSAM REZAR JUNTOS O MESMO DEUS

Interação e Integração entre povos é um argumento que me estimula bastante; talvez por que não considero completa a minha inclusão no Brasil. Mas entramos na matéria.
Acho inútil consideram um fato isolado sem tomar em consideração outros episódios parecidos e anteriores ao mesmo. Por isto vou considerar como exemplo as migrações acontecidas no atual Oriente Médio, onde vivem povos sobre os quais sempre foi falado, sobretudo por mutações étnicas.
  • Como narram Torá, Bíblia e Alcorão, um grande êxodo aconteceu de volta do 1.800 a.C. quando José, bisneto de Abraham, foi eleito pelo faraó como grande ministro e acolheu no Egito a sua tribo de origem.
  • Outro data importante é de volta do 1.500 a.C. quando Moisés guiou a ex tribo de José, entretanto tornada povo escravo, no grande êxodo para a volta a Terra Prometida: atualmente a Palestina.
  • Outros êxodos foram concomitantes às cruzadas cristãos e às guerras santas muçulmanas, todos eventos ocorridos ao redor do mar Mediterrâneo.
Deixamos pra lá outros tipos de migrações étnicas e pulamos para a primeira metade do século XX, quando acerca de 1.000.000 de judeus mudaram-se para a futura Israel.
Desconsideramos as “desculpas” que geraram tais movimentos étnicos (Guerras de ataque ou defesa ou religião) e procuramos considerar somente o êxodo em si mesmo, ou seja, a sua consequência e não a razão da sua origem, motivo que por alguns pode ser real e instrumental para outros.
A maior dificuldade para integrar-se está no contrasto cultural entre etnias onde, é óbvio, as Religiões têm partes essenciais em tais “crenças”.
Esta declaração, da qual estamos convencidos ou somos induzidos a crer, é a mais anticultural e antirreligiosa que possa existir.
Dividimos a análise da questão em três partes.
  1. ASPECTO CULTURAL
    Uma cultura nasce do ambiente na qual o povo vive e, através interferências geográficas, nela desenvolvem-se conhecimentos, costumes e usos comuns que formam a história desse grupo de pessoas. Mas tais conscientizações e convicções, que formam a moral comum do grupo, são conceitos limitados à sua historiografia conglomerativa pois, também se afirmam teorias consolidadas, não excluem a existência de outras, positivas e melhores dessas.
    Pego um exemplo do Cav. Eduardo Argentino, meu Mentor ao início da minha vida profissional. Ele explicava que o conhecer está à base de qualquer saber. Uma pessoa que não conhece alternativas, ou seja, não tem escolha, vive com o que possui e que é unívoco. Se a mesma pessoa tem uma alternativa, aparece-lhe a possibilidade de escolher, ou seja, pode efetuar opções biunívocas. Mais alternativas que apresentam-se a esta pessoa, mais ela está na condição de melhorar a sua vida.
    Ter alternativas significa haver uma gama de conhecimentos úteis para melhorar as próprias condições culturais.
  2. ASPECTO RELIGIOSO
    É verdade que a Religião está dentro de nós por que o nosso crer inibe e no mesmo instante estimula a nossa moral. Mas não devemos confundir a Religião, na qual temos fé, com a religiosidade, igreja da qual somos membros e à qual somos eticamente ligados: devemos ter a consciência, laica, para reconhecer o sacro do profano; e sem que isto possa interferir na nossa moral religiosa.
    O envolvimento conflitual entre as Religiões Abraâmicas (Judaísmo, Cristianismo, Islamismo) é o pavio usado para detonar contrastes nos quais a moral religiosa e a religiosidade “ética” vêm confundida voluntariamente para ser usadas a fim de eludir retoricamente argumentos contrários.
  3. RAÍZES RELIGIOSAS
    A evidência que deve ser frisada é a existência em comum do mesmo Deus. E não sou eu afirmá-lo, mas Torá, Bíblia e Alcorão.
    O Judaísmo tem Moisés como inspirador, o Cristianismo tem Jesus Cristo e o Islamismo tem Maomé. Não me interessa que as igrejas não queram reconhecer o principal inspirador das outras, pois a mim interessa saber que:
    a) Moisés era descendente de Abraham;
    b) Jesus nasceu em família descendente de Isaac, filho de Abraham com Sara;
    c) Maomé nasceu em família descendente de Ismael, filho do mesmo Abraham com Hagar.
    Se a crença Judaica baseia-se em 10 mandamentos, a Cristã praticamente em 2, já incluídos nos 10 judaicos, e a Islâmica tem só 1, já incluídos entre os 2 Cristã: < Ama o próximo teu como a te mesmo>.
    Embora as Religiões Abraâmicas tenham origem na mesma região, são diferentes entre elas porque nascidas em épocas diversas e, por isso, respondem a exigências humanas contingentes: sendo Moisés do 1.500 a.C. e Maomé do 600 d.C., estas três Religiões surgem no intervalo de tempo de mais de 2.000 anos e é óbvio que as formas de relacionar-se e as linguagens eram distintos.
Desde três considerações, nós podemos afirmar que os fiéis das Religiões Judaica, Cristã e Islâmica adoram o mesmo Deus.
Existem diferencias formais e metodológicas em aproximar-se ao próprio Senhor, mas isto está relacionado a aspectos historiográficos que influenciaram o nascimento e o desenvolvimento religioso. É como a alimentação: as de quem vive próximo ao círculo polar deve ser por força diversos das quem vive na proximidade dos trópicos; na Noruega não se encontram camelos e coqueiros, como na Arábia não se encontram renas e chamaemorus.
É por isto que devem ser repudiadas todas as retóricas utilitarísticas que visam à instrumentalização do homem através de interpretações parciais dos Textos Sacros. A proximidade e a interação de culturas diferentes, estimulam o desenvolvimento intelectual dos povos que participam a essa integração.
Volto ao Cav. Argentino e a outro seu exemplo bastante apropriado neste caso.
“Eu possuo 3 moedas e Você possua 3 moedas, também: se nós trocamos estas moedas entre nos, ambos continuamos a possuir 3 moedas. Eu tenho 3 ideias e Você tem 3 ideias: se nós as trocamos entre nos, ambos vai ter 6 ideias”.
Isto é, o resultado da integração entre povos, ou seja, cada um de nós assimila novas riquezas cultural e intelectual.
Nós não deveríamos reprimir, mas procurar a união de culturas através da reaproximação das Religiões que se baseiam sobre um único denominador comum que as agrega: DEUS.
Quereria muito ter a força e a capacidade de apoiar a edificação de prédios onde Judaicos, ortodoxos – conservadores – reconstrucionistas, Cristãos, católicos – ortodoxos – protestantes, e Islâmicos, xiitas – sunitas – ibaditas, possam ajoelhar-se em grupo e juntos rezar ao mesmo Deus, também se em modos diferentes.

Armando Cappello

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