sábado, 10 de setembro de 2011

Why Bonner?

O tempo passa e as lembranças desvanecem amarelando-se, quase que o presente tivesse o pudor de compartilhar as épocas decursas ou o medo de lembrar os momentos vividos.
Era o ano 1970 na Itália: o ano do tentado “golpe Borghese”; os “anos de chumbos” pela violência que perseverava nas cidades; época da manipulação politica dos movimentos estudantis do ’68, que deu vida ás “Brigadas Vermelhas”. Eu havia 14 anos e o prof. Boccotti, que ensinava italiano e latino, introduz uma hora de “analise critica dos eventos”: o sábado dois estudantes, escolhidos a semana antecedente, deviam trazer um quotidiano cada um e, optados um argumento, se devia comparar quanto escrito nos dois jornais: se as primeira 4 “w” eram muitos parecidas (who = quem, where = onde, what = como, when = quando), a ultima (why = porque) sempre diferenciava em conformidade á linha politica do jornal. Mas também aprendi que estar independente respeito ao acontecimento, não significa ser sem opinião e que um bom jornalista deveria ter a obrigação de expor o próprio juízo; ao contrario não é mais jornalista, mas chama-se cronista: ou estou errando?
O que aconteceu no mundo árabe, de dezembro 2010 até hoje, é muito importante. Por isto lamento que nenhum telejornal encontrou a coragem de enfrentar em modo profissional esta crise que, colocada no xadrez socioeconômico mundial, tem espessura muito relevante em função de novas alianças politicas que são destinadas sair dá “Globalização das dividas”. Lembro a pergunta que um meu conhecido de net, Mauricio Andreatti (@mau_andreatti), postou no seu twitter: <Para quê o Brasil quer "poder de voto" na ONU se nas menores decisões, como o apoio ou não a Líbia, ele fica "em cima do muro"?>; a mesma pergunta se pode girar aos jornalistas de TV. Em modo aleatório coloco o Sr. William Bonner, da Rede Globo, como representante de todos os outros: isto porque é quem mais aprecio no panorama jornalístico brasileiro.
Querido William eu acho que Você conheça os motivos que induziram uns povos árabes á guerra civil. Seria simples afirmar que quando um povo chega ao ultimo buraco do cinto (não tem mais nada para comer) é inevitável a rebelião. E aí: coisa levou a maioria dum povo escolher entre morrer de fome ou ariscar de morrer matado? É isto o “why” que faltou por meses aos serviços dos telejornais. Mas porque faltou?
Gostaria que o Senhor desse a sua opinião nas teses expostas em seguida, que eu encontrei em Foreign Affairs, The Nation e The Observer, onde todos três apontam na crise alimentar o motivo do nascimento das manifestações antigovernamentais nos países muçulmanos.
1.    Foreign Affairs
Na época atual o Oriente Médio é a área geográfica que mais depende da importação de grãos, tão que na metade dos 20 países maiores importadores de trigo, estão localizados nesta área:
·         Nas primeiras manifestações tunisinas (dezembro 2010) os participantes empunhavam pão nas próprias mãos.
·         A dependência do Egypto de Mubarak aos cereais estadunidenses levou ao desemprego largas massas rurais não urbanizadas: em 1960 o Egypto produzia bastante trigo para considerar-se quase autossuficiente; pelo contrario em 2010 importou a metade do grão consumido.
A Casa Branca, enviando ao exterior os cereais excedentes como forma de ajudas, faz descer os preços nos países que recebem este “favor”, empobrecendo os agricultores locais que vêm expulsos do mercado.
2.    The Nation
Em seguida á crise financeira de 2008, os G8 primeiramente salvaram os próprios bancos, prometendo, a partir do ano seguinte, a devolução de US$ 20 bilhões em três anos (de 2009 á 2012) a favor dos países em via de desenvolvimento: até hoje, passados 2 anos, foram entrego nem o 5%!!!
3.    The Observer
Para este Jornal os culpados pela oscilação e inflação das commodities alimentares, são os bancos e os hedges funds, os mesmos que deram inicio á crise financeira nos EUA em 2008. A hedging agrícola sempre existiu e consistia em vender a própria produção antes da colheita: isto favorecia planejar as atividades e os investimentos no mundo agropecuário. Na ultima década do XX século, em seguida duma “lobbying campaign” feita nos EUA e na Grã Bretanha por bancos – fundos de investimentos – políticos liberais, as regulamentações das hedgings agrícolas foram gradualmente abolidas transformando-se em futures, ou seja, os contratos de compra-venda passaram nas mãos de operadores financeiros totalmente fora do mundo agropecuário: nasceu o novo e surreal mercado da “especulação alimentar”.
É claro que outras pessoas exploraram, organizaram e redirecionaram o descontentamento das massas árabes famintas.
Eu não acho ser um conservador ferrenho, mas lembro de que minha avó dizia: “feia quanto for, mas é sempre melhor a estrada velha que uma nova desconhecida”. Não é que novos Ditadores vão substituir os antigos? de outro lado é bem complicado comandar uma democracia, é mais fácil dar ordens a uma ditadura. Esta historia, em alguns cantos, assemelha a o que os europeus fizeram quando colonizaram a América do Sul.
Gentil William Bonner, ou outros por ele, gostaria saber por que á opinião publica não foram levadas nenhuma destas argumentações, ou quaisquer outras for.
Com muita atenção,
Armando Cappello

Nenhum comentário:

Postar um comentário